No ano de 2007, o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Brasileiras do MEC (Reuni, 2007) induz as instituições federais de ensino superior (IFES) a um movimento de interiorização da oferta de vagas públicas, com a criação de novas IFES e implantação de novos câmpus; em seguida, tem início um movimento de ampliação da oferta de vagas nas instituições já consolidadas e um incentivo a realizarem reestruturações da arquitetura. Dentro deste contexto nasce os Bacharelados Interdisciplinares. Um modelo alternativo ao modelo de uma graduação longa, com itinerários de formação rigidamente pré-definidos, voltada para uma profissionalização precoce e dotada de uma estrutura curricular engessada, que começara a dar sinais de esgotamento progressivo.

Inspirada na organização da formação superior proposta por Anísio Teixeira para a concepção da Universidade de Brasília, no início da década de 1960, no Processo de Bolonha e nos colleges estadunidenses, mas incorporando um desenho inovador necessário para responder às nossas próprias e atuais demandas de formação acadêmica, a proposta de implantação dos Bacharelados Interdisciplinares constitui uma proposição alternativa aos modelos de formação das universidades européias do século XIX, que ainda predominam no Brasil, apesar de superados em seus contextos de origem. Implantar o regime de ciclos no Ensino Superior brasileiro amplia as opções de formação no interior das nossas instituições universitárias. Com esse espírito, uma proposta de regime de ciclos, na área de ciência e tecnologia, foi pioneiramente iniciada na Universidade Federal do ABC, seguida por outras universidades federais, como a UFBA, a UFJF, UFRN, UFOPA, UFRB, UNIFAL-MG, UFVJM ampliando o escopo da inovação curricular a outras áreas do conhecimento.

Nesta conceptualização, o primeiro ciclo ou Bacharelado Interdisciplinar é o espaço de formação universitária onde um conjunto importante de competências, habilidades e atitudes, transversais às competências técnicas, aliada a uma formação geral com fortes bases conceituais, éticas e culturais assumiriam a centralidade nas preocupações acadêmicas dos programas. Por seu turno, o segundo ciclo de estudos, de caráter opcional, estará dedicado à formação profissional em áreas específicas do conhecimento. O terceiro ciclo compreende a pós-graduação stricto senso, que poderá contar com alunos egressos do Bacharelado Interdisciplinar.

Semelhante estrutura demandará processos seletivos para ingresso na universidade mais voltados para o desenvolvimento cognitivo dos alunos do Ensino Médio, com base em avaliações do desempenho acadêmico de caráter processual em todos os ciclos de formação universitária. Assim, com mais flexibilidade curricular, mais possibilidade de diálogo entre as disciplinas e mais liberdade para os estudantes escolherem os seus itinerários de formação, a universidade brasileira poderá reunir as condições fundamentais para responder aos desafios do mundo do trabalho, das novas dinâmicas de desenvolvimento do conhecimento e da cidadania do século XXI.

Links:

Guia do Estudante: https://guiadoestudante.abril.com.br/universidades/entenda-o-que-sao-bacharelados-interdisciplinares/

Catho: https://www.catho.com.br/educacao/blog/o-que-sao-bacharelados-interdisciplinares/

Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacharelado_interdisciplinar

Processo de Bolonha: http://www.ehea.info/page-how-does-the-bologna-process-work